Quando o programa eleitoral na TV começar, 30% deve mudar intenção de voto ao saber que a ex-ministra Dilma é a candidata do presidente
Entre os eleitores que ainda dizem que votariam no pré-candidato José Serra (PSDB), 30% estão achando que ele é apoiado pelo presidente Lula. É o que mostra o instituto que pertence ao “Grupo Folha”, que como se sabe não nutre simpatias pelo presidente da República e nem pela candidatura do PT.
Se a situação do tucano está se deteriorando rapidamente neste momento, imagine-se quando o programa eleitoral começar e este contingente de eleitores descobrir que ele não é o candidato de Lula, é de oposição? A ex-ministra Dilma Rousseff, entretanto, vive uma situação oposta. 41% não sabem que ela é a candidata do presidente. Além disso, outros 43% dizem que a conhecem mal ou não conhecem a pré-candidata do PT, revelando espaço significativo para crescimento da sua candidatura com o início da campanha, os comícios e os programas de TV.
O eleitorado de Dilma é mais definido: 76% dele afirma que vota no candidato de Lula e 17% diz que “talvez” o faça. Ou seja, o potencial de crescimento de sua candidatura é muito grande.
A confusão que ainda resta sobre quem o presidente Lula apoia nesta eleição não é homogênea. Ela se distribui de forma desigual no eleitorado. É maior entre as mulheres, entre os mais pobres e entre os moradores do Nordeste. Na região, 59% dos eleitores dizem que pretendem votar no candidato de Lula.
O candidato tucano está naquela situação popularmente conhecida como “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. Ele vinha tentando esconder que era oposição ao governo Lula. Fingiu que apoiava o Bolsa Família, que sempre foi tratado como “Bolsa Esmola” pelos tucanos e aliados. Perdeu votos com essa política. Caiu em todos os institutos de pesquisa. Tanto isso é verdade que a pré-candidata Dilma Rousseff já passou à frente dele e segue subindo. Numa eleição polarizada como esta, quando Dilma sobe, como está acontecendo, Serra cai, como vem sendo constatado pela maioria dos institutos.
Quando Serra mudou o discurso e começou a atacar o presidente, a queda foi ainda mais profunda. É que agora o tucano além de cair no geral, também desaba entre os eleitores que achavam que ele era apoiado pelo governo.
Segundo o presidente do instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, em sua coluna na revista CartaCapital, o candidato José Serra “não tem muito espaço para crescer”. “Ele é conhecido por 80% da população. Tem menos espaço para crescer”, avalia. “Dilma tem crescido tirando intenções de voto dele”, acrescenta. “Ela já empatou com Serra e tem um espaço de crescimento aberto à frente junto ao eleitorado que está disposto a votar na candidata do Lula”, prossegue. “O teto de Dilma é o desejo de continuidade, que é muito alto”, completou Coimbra. Para outros analistas, além do candidato tucano não ter propostas, a imagem de FHC é negativa e a maioria das pessoas acha que o governo dele foi péssimo. “Isso é ruim para Serra”, dizem.
Essa situação está provocando um início de pânico na coordenação da campanha e também começando a afastar possíveis aliados do tucanato. Já há quem avalie que os seguidos atropelos de Serra à candidatura do ex-governador mineiro, Aécio Neves, durante a disputa entre os dois, serão responsáveis agora por grandes prejuízos ao PSDB. Perdendo fôlego, Serra e seus aliados já começam a aumentar a pressão para que o político mineiro venha em seu socorro. “Mui amigos”, eles querem que Aécio assuma a vice na chapa de Serra como última tentativa de impedir que a canoa furada tucana vá a pique. Aliados de Aécio, no entanto, têm deixado claro que ele dificilmente abriria mão de uma eleição tranquila ao Senado para ajudar a combalida candidatura de Serra ao Planalto.
Além disso, o presidente do Vox Populi, Marcos Coimbra, também desanima Serra ao aquilatar o pouco peso que teria o pretendido socorro mineiro. Segundo ele, “Aécio só é bem conhecido em Minas Gerais, onde Lula é também muito querido. É difícil avaliar se um ganho em Minas faria diferença”, diz. “Minas é 11% do eleitorado”, avalia Coimbra. “Aumentar 20 pontos no estado é 2% no total do país. Pode ser muito pouco no resultado final”, argumenta. Isso sem falar que Dilma, além de ser agraciada com um palanque forte e unitário no estado, é uma candidata que nasceu em Minas Gerais. E em Minas, como não poderia deixar de ser, a tradição é o apoio forte e decidido aos filhos da terra.
Por SÉRGIO CRUZ
Nenhum comentário:
Postar um comentário