ROMA (AFP) - Um artigo sobre a vida sexual de padres homossexuais em Roma recebeu uma resposta rápida da diocese local, que se comprometeu nesta sexta-feira a perseguir "todo comportamento indigno da vida sacerdotal", ao mesmo tempo em que as associações homossexuais denunciavam a "hipocrisia".
"Quem conhece a Igreja de Roma nada conhece do comportamento daqueles que têm uma 'vida dupla', que não entendem o que é o "sacerdócio católico" e não deveriam tornar-se padres", afirmou a diocese de Roma em um comunicado.
"Ninguém os obriga a continuar sendo padres e a aproveitar apenas as vantagens de sê-lo. Em nome da coerência, deveriam confessar o que fazem. Não queremos causar danos a eles, mas não podemos permitir que sua conduta desonre todos os demais", acrescentou.
O artigo da Panorama, publicado nesta sexta-feira e intitulado de "As loucas noites de padres gays", propõe "uma viagem (com a ajuda de uma câmera escondida) na vida dos sacerdotes homossexuais que têm relações sexuais com outros homens em bares de Roma, no bairro gay ou em suas próprias casas".
A revista semanal, propriedade do grupo Mondadori controlado pelo chefe do governo Silvio Berlusconi, publicou a foto das mãos cruzadas de um padre, com um rosário, e as unhas pintadas de rosa, acompanhada da chamada sensacionalista: "Um jornalista da Panorama viveu em meio aos homossexuais de Roma e, durante quase um mês, presenciou os vícios e perversões de padres, que não levantavam suspeitas, vivendo uma vida dupla".
Ante tais revelações, a diocese de Roma disse estar "decidida a punir com rigor qualquer conduta indigna da vida sacerdotal".
Ele ainda citou o Papa Bento XVI, que pede a todos para "não corromper a fé e a vida cristãs, atingindo assim a integridade da Igreja, enfraquecendo a sua capacidade de profetizar e de testemunho, e alterando a beleza de sua face".
Questionado pela AFP, o Vaticano contentou-se em reenviar o comunicado da diocese de Roma.
Por sua vez, Aurelio Mancuso, o ex-presidente de Arcigay, principal associação italiana de defesa aos direitos homossexuais, julgou "ridícula" a reação da diocese.
"Se os padres homossexuais devem (...) deixar o sacerdócio, uma grande parte da administração da diocese de Roma e das paróquias vai sofrer um golpe repentino e paralisar", ironizou.
Já o dirigente da associação Certi Diritti, Sergio Ravasio, considerou que "é inaceitável que padres, que durante o dia são contra os gays, se entreguem à noite a práticas totalmente contrárias" às suas declarações. Ele também afirmou que existia uma "zona homossexual" dentro do Vaticano.
Essa polêmica ocorre em um momento onde a homossexualidade é tratada dentro da Igreja Católica: o casamento homossexual agora é permitido na Argentina e em Portugal, apesar de sua oposição fervorosa.
Além disso, a relação estabelecida pelo número dois do Vaticano, o cardeal Tarcisio Bertone, entre homossexualidade e pedofilia, em abril, provocou mais uma controvérsia.
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