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quinta-feira, 1 de abril de 2010

MISS imperfeita

Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss imperfeita, Prazer muito obrigado... A imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, boa profissional como, mãe, filha e mulher Também sou a que trabalha todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado , decido o cardápio das refeições, cuido dos filhos, marido (SE), telefono sempre para minha mãe, procuro minhas amigas, namoro, viajo, cinema, pago minhas contas, respondo uma tonelada de e-mails, faço revisões, vou ao dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos e ainda faço unhas e depilação. E, entre Coisa Uma e Outra, leio livros. Portanto, sou ocupada, mas não sou uma workholic (expressão americana que é a designação coloquialmente de uma pessoa viciada em trabalho. É Uma variação da Palavra alcoólico (Alcoólatra)... Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas Que operam milagres: Primeiro: a dizer NÃO; Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás. EXISTE a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista A Culpa Zero. Quando você nasceu, saído de softwares antigos, nenhum profeta adentrou na sala da maternidade e apontou o dedo lhe dizendo que a partir daquele momento você séria modelo de nada. Os outros, seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa. Tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho. Você não é Nossa Senhora. Você é, humildemente, Uma Mulher. E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porquê interessante vida não é ter uma agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, atender E não criar para todos e para si uma falsa Impressão de ser indispensável. É ter tempo. Tempo para fazer nada. Tempo pra tudo fazer. Tempo pra dançar sozinha na sala. Tempo pra bisbilhotar uma loja de discos. Tempo pra sumir dois dias com seu amor. Três dias ... cinco dias! Tempo para uma massagem. Tempo para a ver novela. Tempo pra receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza. Tempo pra fazer trabalho voluntário. Tempo pra procurar abajur pro seu novo quarto. Tempo pra conhecer outras pessoas. Voltar a estudar. Para engravidar. Tempo pra escrever um livro Que você nem sabe se será editado algum dia. Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir. Porquê nossa existência não é contabilizada por relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal. Existir, a quê será que se destina? Destina-se ter tempo a favor, e não contra. A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não parar é super, mega, não para si mas para ser uma executiva ISO 9000, não será avaliada bem. Está Tentando PROVAR não-sei-o-quê-pra-quem Precisa respeitar o mosaico de si mesma si. Se o Trabalho é um pedação de sua vida, ótimo! Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser Independente. Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e livre pra ir e vir, desde que se lembre de separar ALGUNS bons momentos da Semana pra usufruir essa Independência, senão é escravidão, a mesma que a mantinha trancafiada em casa, espiando a vida pela janela. Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da MAC. Mas, se você precisa a alma ao diabo pra ter tudo isso, francamente, está na hora de rever seus valores e descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok; esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, Uma Vida Interessante Martha Medeiros - Jornalista e escritora

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