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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

DO MUNDO, DE NOEL E DA VILA

Viví Vila Izabel durante muito tempo desses meus 61 bem vividos. Viví os bolinhos de bacalhau feitos na hora e a brahma estupidamente do Fetício. Viví Kizomba quando a nossa sede era a nossa sêde que o apartheid se destruisse. Viví Noel, Viví Martinho, VIVÍ VILA IZABEL !
Noel de Medeiros Rosa veio ao mundo no dia 11 de dezembro de 1910, no Rio de Janeiro, mais precisamente no bairro de Vila Isabel. Filho de Manuel Garcia de Medeiros Rosa e Martha de Medeiros Rosa, casal da classe média carioca, teve um parto difícil, onde o uso do fórceps pelos médicos provocou-lhe um afundamento da mandíbula e uma pequena paralisia na face, características físicas que o assombrariam vida afora. Cursou o ensino médio no tradicional Colégio São Bento – onde os colegas, maldosamente, o chamavam de Queixinho – e entrou para a Faculdade de Medicina da UFRJ, em 1931, embora não tenha concluído o curso. Casou-se em 1934 com Lindaura, com quem teve um filho que viveu poucos meses. Nos anos seguintes, travou uma batalha contante contra a tuberculose que, por fim, o venceu em 1937, quando tinha apenas 26 anos. Entre uma coisa e outra, e deixando o “de Medeiros” de lado, Noel Rosa também foi um dos maiores e mais importantes compositores da música popular brasileira, sendo autor de clássicos como “Com que roupa?”, “Fita amarela”, “Palpite infeliz”, Três apito” etc. E no ano do centenário de seu nascimento, o escritor Luiz Ricardo Leitão, professor adjunto da UERJ e doutor em Estudos Literários pela Universidade de La Habana, lança “Noel Rosa - Poeta da Vila, cronista do Brasil”, estudo sobre o poeta-cronista que busca inserí-lo “na expressiva galeria dos poetas e prosadores que, por meio de sua obra, têm contribuído de forma decisiva para desvelar o singular processo de formação sócio-espacial do Brasil”, como avisa o texto de apresentação da obra.
Neste Carnaval de 2.010, a Vila canta Noel e isso é o que importa...
Principalmente porque a magia foi reestabelecida e a Vila canta Noel com a poesia de seu sempre menestrel MARTINHO DA VILA, DO BRASIL NEGRO, DO MUNDO !
Se um dia na orgia me chamassem Com saudades perguntassem Por onde anda Noel? Com toda a minha fé responderia Vaga na noite e no dia Vive na terra e no céu Seus sambas muito curti Com a cabeça ao léu Sua presença senti No ar de Vila Isabel Com o sedutor não bebi Nem fui com ele a bordel Mas sei que está presente Com a gente neste laurel Veio ao planeta com os auspícios de um cometa Naquele ano da Revolta da Chibata A sua vida foi de notas musicais Seus lindos sambas animavam carnavais Brincava em blocos com boêmios e mulatas Subia morros sem preconceitos sociais Foi um grande chororô Quando o gênio descansou Todo o samba lamentou Ô ô ô... Que enorme dissabor Foi-se o nosso professor A Lindaura soluçou E a Dama do Cabaré não dançou Fez a passagem pro espaço sideral Mas está vivo neste nosso carnaval Também presentes Cartola Aracy e os Tangarás Lamartine, Ismael, e outros mais E a fantasia que se usa Pra sambar com o menestrel Tem a energia da nossa Vila Isabel Energia da nossa Vila Isabel
VALEU ZUMBÍ, VALEU NOEL, VALEU MARTINHO DA VILA IZABEL !

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