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sábado, 27 de fevereiro de 2010

Contigo aprendi Que a vida se renova a cada instante Contigo aprendi A conhecer o mundo, a ver adiante Aprendi Numa semana contar mais de sete dias A ver maiores as pequenas alegrias E a crer nos outros, eu contigo aprendi Contigo aprendi Que existe luz na noite mais escura Contigo aprendi Que em tudo existe um pouco de ternura Aprendi Que pode um beijo ser mais doce e mais profundo Que posso ir-me amanhã mesmo deste mundo As coisas boas eu contigo já vivi Contigo... Aprendi... Aprendi Que pode um beijo ser mais doce e mais profundo Que posso ir-me amanhã mesmos deste mundo As coisas boas eu contigo já vivi E contigo aprendi Que eu nasci no dia em que te conheci
Armando Manzareno
versão: Nazareno de Brito
Vira, meu bem.- Não viro. - Pô amor, deixa de onda, vira um pouquinho só. Não levo mais de dois minutos.- Já disse que não. Não insiste, por favor. - Mas benzinho, eu estou doido de vontade que você vire. Faz isso pro maridinho, faz? - Nem pensar.- Se você virar agora, depois que eu acabar a gente pode ligar a TV e assistir aquele filme bacana que vai passar. Se você demorar a virar, eu acabo perdendo o começo do filme. Vira logo, meu amor. - Quer parar com isto e me deixar em paz? Liga logo a TV e veja o filme, pombas. - Assim não dá, quem esta engrossando é você. Se não virar agora por bem eu vou partir pra ignorância. Pela última vez, paixão, vira logo. Vou até te dar um beijinho gostoso antes de você virar... Viu como seu maridinho é bonzinho? Vira agora, vai... - Não adianta me bajular nem também usar violência, só viro quando quiser e agora não quero. Que mania a sua! É sempre a mesma coisa: acaba antes de mim e ainda fica pedindo pra eu virar. Será que você não tem consideração comigo? - Mas que diabo! Vira logo a porcaria da página do jornal que eu quero ver a sessão de esportes. Se não virar agora mesmo eu perco a paciência e apago a luz! Aí nem eu nem você!!

Sedução

A poesia me pega com sua roda dentada,
me força a escutar imóvelo seu discurso esdrúxulo.
Me abraça detrás do muro, levantaa saia pra eu ver, amorosa e doida.
Acontece a má coisa, eu lhe digo,também sou filho de Deus,me deixa desesperar.
Ela responde passandoa língua quente em meu pescoço,
fala pau pra me acalmar,
fala pedra, geometria,
se descuida e fica meiga,
aproveito pra me safar.
Eu corro ela corre mais,
eu grito ela grita mais,
sete demônios mais forte.
Me pega a ponta do pée vem até na cabeça,
fazendo sulcos profundos.
É de ferro a roda dentada dela.
Adelia Prado
P: Qual a diferença entre um sapo e um príncipe?
R: As cinco cervejas que a princesa tomou.

ODETE - a minha Cassandra preferida

Sexta-feira, dia 8 de março de 2002, dia internacional da mulher, morreu a mais polêmica escritora brasileira: Cassandra Rios.
Ela publicou seu primeiro livro aos 16 anos, com a ajuda de sua própria mãe. Um detalhe: quando morreu, a mãe jamais havia lido um livro da filha, a pedido desta. O motivo: os livros eram muito picantes, a maior parte deles repleto de lesbianismo.
Filha de espanhóis, nascida e criada no bairro paulistano de Perdizes, Cassandra Rios se chamava, na verdade, Odete. Assinava seus livros sob pseudônimo por motivos óbvios, que o tempo comprovou: Cassandra teve, ao longo de sua carreira, 36 dos seus livros proibidos pela censura do regime militar.
Não bastou ser a maior vendedora de livros do país, com recordes de 300.000 cópias vendidas, número surpreendente para os anos 60: Cassandra foi perseguida pela esquerda e pela direita, tachada de pervertida pelos defensores da moral e acusada de conservadorismo pelos que lutavam contra a ditadura.
Primeira escritora a desfrutar de uma popularidade que a fazia convidada de todos programas de tv, comparecia também de smoking em festas, recebida pelos governadores da época. Foi pop e cult ao mesmo tempo. Depois de chamar a atenção de todo o país durante os anos 60 e 70, resolveu retirar-se de cena. Tornou-se messiânica e conseguiu reencontrar Odete, sem matar Cassandra.
Em homenagem a esta figura polêmica, nada melhor que ouvir Cassandra nas palavras da própria Odete. Os trechos abaixo foram tirados de seu último livro, “Flores e Cassis”, uma coleção de textos de gaveta, um verdadeiro apanhado auto-biográfico, com recordações de sua trajetória:
“Ponho-me alerta contra meus perseguidores, pois já lhes sinto o mal cheiro ou mau cheiro? Mau-cheiro! De todo modo é coisa ruim de se respirar! Despertam feras nauseabundas com suas afiadas presas preparadas, farejando minha inesperada sutil chegada. Sorrateiras rastejam, armando o bote para morderem-me pelos calcanhares, pois são tão baixas, andam tão encolhidas, que outro ponto não alcançariam, senão o vulnerável secreto calcanhar de Aquiles que pensam eu tenha!”
“Me batizaram de Demônio das Letras, Papisa do Homossexualismo, uma dama de capa e espada, seduzindo e corrompendo. Vestiram-se e revestiram-se como decorosos santos, e no entanto, tudo ao redor dessa gente fede. Fede! Os metidos a sábios da Literatura! Mais aparecem eles do que suas obras!”
“Minha mãe... vestia-me de anjinho, com uma roupinha azul muito linda, quase perfeitas asas, na cabeça uma coroinha de Cristo... As asas, de lindas peninhas azuis, de seda, pesavam bastante e às vezes os seus ganchos prendedores me arranhavam as costas, o que me fazia pensar - puxa, como os anjos sofrem! Comentei isso com minha mãe e no ano seguinte, não sei como ela arranjou isso, as asas não pesaram tanto e não me arranharam as costas. Ou seria que eu crescera, e ficando mais forte pudera suportar mais o peso delas?”
“Quis mostrar como se divide e identifica-se, manifesta-se, compactua e ataca, silencia e condena levianamente a Homossexualidade , sem entenderem do assunto coisa alguma, pois não há o que entender, mas que respeitar, aceitar e admitir que todo ser humano tem o Direito de Viver a própria Vida, do jeito e objetivo para os quais nasceu.”
“Até bofetada de delegado, na cara, levei. O que mais temiam? Já não estava eu proibida? Hoje entendo. Ruminavam que eu precisava ser algemada, amordaçada, enxovalhada de todas as humilhações, desacreditada na minha conduta moral, para denegrirem meu talento e consagrarem suas aleivosas pessoas! Verdade que, na época, assim diziam, só eu vendia! O público consumidor via, só nas páginas dos meus livros, gente com as quais hoje cruzam nas ruas, livres, sem ter que disfarçar e pagar pelo que nasceram.”
“Eu estava cutucando a onça com vara curta, diziam-me, provocando e convocando, criando uma situação que detonava manifestos e atrevimentos de certas personas non gratas pela sociedade. Os homossexuais! Era certo que eles me adoravam, eu os endeusava! Tacharam-me até, naquela época, de Rainha das Bichas!”
“Um outro delegado picou diante dos meus olhos Nicoleta Ninfeta (outro best-seller de Cassandra) e ameaçou ´é isso que vamos fazer com todos os seus livros e queima-los em praça pública!`. Um arrepio percorreu-me. Seria eu a reencarnação de Safo, a grande poetisa de Lesbos, cujas obras o Papa Gregório VII, cheio de ódio mandou queimar, seus riquíssimos versos, numa fogueira, em praça pública, epitalâmios, himeneus, poesias, excomungando a mais célebre poetisa do mundo”.
“Depois de tudo isso, perguntaram-se por que parei! Eu não parei! Eu apenas estava esperando, sentada em meu jardim, se é que são capazes de entender meus simbolismos, aliás, todos que quiserem os entenderão sem esforço algum. E fiquei, esperando e esperando. Passaram dez, quinze, mais de vinte anos! Eu estava sentada no jardim do meu mundo interior, aguardando que tudo voltasse ao normal, que baixasse a febre, que do mesmo jeito que surgiu fosse embora o enlameante vendaval. Que ocupasse a liderança em vendas, polêmica, fama, um novo escritor. Coitado! Por certo, atrás dele, os abutres, meus perseguidores, esquecendo-se de mim avançariam...”
“Como mulher, eu sou, na definição exata de como me sinto, uma menina medrosa que se escondeu atrás de um pseudônimo, que se assustava e tinha medo de tudo, e hoje não tem medo de nada! ... Adormeci num sonho, enveredando por pesadelos, para viver escudada na fantasia de ser Cassandra! Despertei dos pesadelos e livrei-me do sonhos de ser Cassandra para a realidade de Odete! A verdadeira que sou!”.
“Anjos não somem - revezam-se!”

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

FÓRUM URBANO MUNDIAL – Mesa Redonda

"É POSSÍVEL UMA NOVA CIDADE? PRÁTICAS E UTOPIAS”
5ª feira, 25/março – 16:30 – 18:30 hs Local: Conferir em http://www.unhabitat.org/content.asp?typeid=19&catid=584&cid=7071 (haverá tradução simultânea) Promoção: Rede Democracia e Justiça Urbanas – LABHAB/FAU/USP – ETTERN/IPPUR/UFRJ
PARTICIPANTES: · Carlos Vainer (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional / Universidade Federal do Rio de Janeiro) - coordenador · Edgar Pieterse (Centro Africano para Cidades / Universidade da Cidade do Cabo) · Medha Patkar (Aliança Nacional de Movimentos Populares, India) · Edmilson Rodrigues (ex-prefeito de Belém, Brasil) · Peter Marcuse (Universidade de Columbia, EUA) · Soledad Bordegaray, Movimento de Trabalhadores Desempregados, La Matanza, Buenos Aires, Argentina) De todas as vitórias do pensamento conservador nas últimas 3 décadas, nenhuma foi tão profunda e de tão graves conseqüências quanto a condenação à morte de todas as utopias. Mas estas sobrevivem, emergindo nos desvãos de nossas cidades, em criativas experiências de solidariedade que desafiam o individualismo e a competição, na construção de novos espaços de vida e sociabilidade, na invenção de um planejamento insurgente que afirma alternativas ao fundamentalismo de mercado e ao empresariamento urbano que (re)colonizam nossas cidades. Ainda estamos longe do que poderia vir a ser um modelo da cidade democrática e justa, mas, talvez, ao invés de buscar um modelo alternativo, devamos antes reconhecer e avançar na direção de alternativas aos modelos. Como resgatar e enriquecer o sentido crítico, revolucionário, do que Lefebvre chamou de “utopias experimentais”, espaços-tempos da transgressão e da construção de uma nova urbanidade, instauração de uma quotidianidade que é simultaneamente cultural, política, econômica e social? Quais os caminhos desta nova utopia urbana? Onde vislumbrar seus sinais, práticos e teóricos, neste início de século? Como assegurar que, enraizada nos bairros populares, favelas e guetos de cada cidade, projete-se nas escalas nacionais e celebre a herança internacionalista que se reinventa nas redes e movimentos transnacionais contra-hegemônicos como o Fórum Mundial Social? O diálogo sobre estes temas será promovido pela Rede Democracia e Justiça Urbana e reunirá pesquisadores e ativistas, do Norte e do Sul, que se têm destacado nos debates e nas lutas para a construção cidades democráticas, social e ambientalmente justas.

RECEITA DE FRANGO COM WHISKY

Tente fazer e bom final de semana. Ingredientes:
- 01 garrafa de whisky (do bom claro!)
- 01 frango de aproximadamente 02 quilos
- sal, pimenta e cheiro verde a gosto
- 350 ml de azeite de oliva extra virgem
- nozes moídas
Modo de preparar: -
pegue o frango
- beba um copo de whisky
- envolver o frango e temperá-lo com sal, pimenta e cheiro verde a gosto.
- massageá-lo com azeite.
- Pré-aquecer o forno por aproximadamente 10 minutos.
- Sirva-se de uma boa dose (caprichada) de whisky enquanto aguarda.
- Use as nozes moídas como 'tira gosto'.
- Colocar o frango em uma assadeira grande.
- Sirva-se de mais duas doses de whisky.
- Axustar o terbostato na marca 3, e debois de uns vinch binutos, botar para assassinar.
- digu: assar a ave.
- Derrubar uma dose de whisky debois de beia hora, formar abaertura egontrolar a assadura do frango.
- Tentar zentar na gadeira, servir-se de uoooooooootra dose sarada de whisky.
- Cozer(?), costurar(?), cozinhar, sei lá, voda-se o vrango.
- Deixáááá o filho da buta do pato no vorno por umas 4 horas.
- Tentar retirar o vrango do vorno.
Num vai guemar a mão, garaio!
- Mandar mais uma bouuuua dose de whisky pra drentro... de voocê, é claro.
- Tentar novamente dirar u zagaana do vrango do vorno, porque na primeira teenndadiiiva dããão deeeeuuuuuu.
- Begar o vrango que gaiu nu jão e enjugar o filho da buta cum bano di jão i cologa numa bandeja ou qualquer outra borra, bois avinal você nem gosssssssssta muito dessa bosta mesmo.
- Tá Bronto
Sou Padre católico e concordo plenamente com o Ministério Público de São Paulo, por querer retirar os símbolos religiosos das repartições públicas. Nosso Estado é laico e não deve favorecer esta ou aquela religião. A Cruz deve ser retirada! Nunca gostei de ver a Cruz em tribunais, onde os pobres têm menos direitos que os ricos e onde sentenças são vendidas e compradas... Não quero ver a Cruz nas Câmaras legislativas, onde a corrupção é a moeda mais forte... Não quero ver a Cruz em delegacias, cadeias e quartéis, onde os pequenos são constrangidos e torturados... Não quero ver a Cruz em prontos-socorros e hospitais,onde pessoas (pobres) morrem sem atendimento... É preciso retirar a Cruz das repartições públicas, porque Cristo não abençoa a sórdida política brasileira, causa da desgraça dos pequenos e pobres.?
Frade Demetrius dos Santos Silva * São Paulo/SP

do BAÚ DA HISTÓRIA

Quem era terrorista? Emir Sader
À falta de outros argumentos e propostas, com um mínimo de consistência, os opositores reiteram a imagem de “terrorista” de Dilma. Quem era terrorista: a ditadura militar ou os que lutávamos contra ela? Dilma estava entre estes, o senador José Agripino (do DEM, ex-PFL, ex-Arena, partido da ditadura militar), entre os outros. O golpe militar de 1964, apoiado por toda a imprensa (com exceção daÚltima Hora, que recebeu todo o peso da repressão da ditadura), rompeu com a democracia, a destruiu em todos os rincões do Brasil, e instaurou um regime de terror – que depois se propagou por todo o cone sul do continente, seguindo seu “exemplo”. Diante do fechamento de todo espaço possível de luta democrática, grandes contingentes de jovens passaram à clandestinidade, apelando para o direito de resistência contra as tiranias, direito e obrigação reconhecidos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. Enquanto nos alinhávamos do lado da luta de resistência democrática contra a ditadura, os proprietários das grandes empresas de comunicação – entre eles os Frias, os Marinhos, os Mesquitas -, os políticos que apoiavam a ditadura – agrupados na Arena, depois PFL, agora DEM, como, entre tantos outros, o senador José Agripino –, grandes empresários nacionais e estrangeiros, se situavam do lado da ditadura, do regime de terror, da tortura, dos seqüestros, dos fuzilamentos, das prisões arbitrárias, da liquidação da democracia. Quem era terrorista? Os que lutavam contra a ditadura ou os que a apoiavam? Os que davam a vida pela democracia ou os que se enriqueciam à sombra da ditadura e da repressão? Os que apoiavam e financiavam a OBAN ou aqueles que, detidos arbitrariamente, eram vitimas da tortura nas suas dependências, fuzilados, desaparecidos? Quem era terrorista? José Agripino ou Dilma? Os militares que destruíram a democracia ou os que a defendiam? Quem usava a picanha elétrica, o pau-de-arara, contra pessoas amarradas, ou quem lutava, na clandestinidade, contra as forças repressivas? Quem era terrorista: Iara Iavelberg ou Sergio Fleury? Quem estava do lado da Iara ou quem estava do lado do Fleury? Dilma ou Agripino? Quem estava na resistência democrática ou quem, por ação ou por omissão, estava do lado da ditadura do terror?
Existia na floresta uma formiguinha que era a maior putona. Já tinha dado pra todo mundo da floresta, menos para o elefante.
Mas todo dia que o elefante passava pelo caminho de sua casa ela soltava uma cantada. O elefante sempre ignorava até que um dia não resistiu.
Toda a bicharada da floresta compareceu ao encontro pois seria o acontecimento do ano.
E começou a transa!
A formiguinha gritava, gemia, esperneava já não aguentando mais: - AHHHHH ! UHHHHHH ! AHHHHH ! UHHHHHH !
O elefante já esperando isto, continuou executando sua tarefa até o momento em que ouviu: - AAAAASSSSS BOLAAAASSSS!
- O QUEEEEE???
- AAAASSSSS BOLAAAASSSS!
- Uai, a danada não está aguentando nem o começo e já está pedindo para eu colocar as bolas!?
- AAAASSSSS BOLAAAASSSS DOS MEUS ZOI Tá SAINDO PRA FORAAAA!!!

O legado de Neuton

O conhecimento vem de longe. Dos tempos de chumbo dos anos 70 – bem mais duros que os anos 60 – cimentado por Paulo Fontelles e José Luiz Guedes. Nós, os católicos integrantes da JEC, JUC e depois Ação Popular, nos opúnhamos ferrenhamente ao PC, depois PCB e PC do B.
A repressão nos enfiou no mesmo saco – ops!, nas mesmas celas. Foi quando nos conhecemos: uns por Deus, outros pela História, lutávamos pela dignidade, pela liberdade, pela integridade das pessoas e pela melhoria da vida das multidões.
Nas prisões, o que menos importava era a razão da resistência; lutávamos, precisávamos lutar para salvaguardar companheiros, para manter esperanças acesas e a causa viva.
Não importava se o lutador era o liberal Altino Dantas, ou a violenta Dilma Roussef, ou o cristianíssimo João Travassos. Ou, ainda, o radical Neuton Miranda.
É desde esse tempo, quarenta anos! que admiro e respeito Neuton Miranda. Dos tempos em que era necessário fazer chegar suprimentos à guerrilha, retirar pessoas marcadas de uma cidade cheia de barricadas, esconder crianças em caixas para que chegassem aos avós, misturar crianças com perseguidos para que estes pudessem escapar.
Quando começou a distensão, que se marcaram as eleições, uma vez eu conversava com Neuton e dizia: “Neuton, estou com medo. Está muito fácil...” E ele me respondia, tranquilo: “Temos que acreditar e avançar; não podemos perder a oportunidade; se estiveres com a razão, logo saberemos.”
Soubemos logo que eu não tinha razão – logo a democracia voltava com a Constituição de 88.
Nossa relação era, pois, cimentada em crenças diferentes, mas objetivos comuns; a militância política desviou nosso caminho, promoveu encontros em diferentes momentos e desencontros em outros; no entanto, como dividimos uma vez o pão e o medo, guardava aquela confiança mútua que somente companheiros de trincheira podem ter.
Creio que posso falar hoje o que Neuton não gostaria que eu dissesse quando vivo. Íntegro, leal e correto em suas alianças – em que, aliás, sempre deixou claro serem temporárias, porque ele era um comunista e, como Niemayer, nunca abdicou disso – jamais criticou seus aliados de ocasião. Eu sempre respeitei seu comportamento. Mas hoje, com ele morto, sinto-me na obrigação de contar para todos os que me lêem as condições atrozes com que ele administrou a unidade regional da Secretaria de Patrimônio da União.Bem, para começo de conversa, ele não tinha orçamento próprio. Seu orçamento estava dentro do Ministério do Planejamento que absolutamente nunca teve o Pará como prioridade. Para continuar a conversa: seu pessoal se resumia a meia dúzia de gatos pingados. E para finalizar: teria que administrar tirando leite de pedra, arranjando parceiros, se quisesse fazer alguma coisa.
Eu tinha ido lá, pela Paratur, preocupada com a situação da ilha das Onças, em processo de favelização do pior tipo, e tentar uma forma de começar a regularizar a ocupação das ilhas fronteiriças a Belém.
Neuton não tinha condições sequer de formalizar um convênio. Fiquei horrorizada. Neuton, entretanto, me expôs um projeto ambicioso, e me disse: vou fazer. E fez o que foi possível, dobrou vontades, arranjou parceiros, e morreu fazendo pessoas muito pobres felizes por nunca mais terem que se defrontar com o fantasma da expulsão.
Políticos como ele, que resistem às derrotas eleitorais e resistem à corrupção do poder; que enfrentam as dificuldades com a coragem necessária – das armas à palavra, da palavra ao trabalho silencioso sobre a papelada, mas sempre uma medida de esforço geralmente ignorada – representam o que de melhor temos no povo brasileiro.
E é por isso que, mesmo sendo de outro partido, ocasionalmente em oposição ao PC do B, escrevo estas linhas: para preservar o legado de integridade e coragem que um político como Neuton Miranda nos deixa. Ana Diniz http://amdiniz.blogspot.com/

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Sejam quais forem os motivos, as razões supremas ou desígnos de quem manda nessa coisa de nascer-viver-morrer, me abala muito quando alguém com que conviví sonhos se vai abruptamente.

Agora, se foi NEUTON MIRANDA, um velho comunista com quem dividi 8 anos de convivência nessa nossa luta por garantir direitos humanos fundamentais, na construção de um mundo cada vez melhor pra se viver.

Se foi mais um velho camarada e nem sequer podemos dizer um até logo. Se foi, mas vai ficar comigo enquanto eu resistir por aquí.

sei lá ! tchau camarada... acho que a gente ainda se reencontra.

Um advogado estacionou seu Mercedes novo em folha na frente de seu escritório, pronto para mostrá-lo para seus colegas. Logo que ele abriu a porta para sair, um caminhão passou raspando e arrancou completamente a porta. O advogado atordoado usou imediatamente o seu telefone celular, discou 190 e dentro de minutos um policial chegou. Antes que o policial tivesse uma oportunidade o advogado começou a gritar histericamente que a Mercedes que ele tinha comprado no dia anterior estava agora totalmente arruinada e nunca mais seria a mesma. Por conta disso, iria processar o motorista, Deus e o mundo, fazer e acontecer afinal era doutor, etc, etc... Quando o advogado finalmente se acalmou, o policial agitou sua cabeça em desgosto e descrença... e disse: - 'Eu não posso acreditar no quão materialistas vocês advogados são' e disse mais: - 'Vocês são tão focados em suas posses que não notam mais nada.' - Como você pode dizer tal coisa? O Sr. tem noção do valor de uma Mercedes? Pergunta o advogado. O policial respondeu: - O Sr. não percebeu que perdeu seu braço esquerdo? Está faltando do cotovelo pra baixo. Ele deve ter sido arrancado quando o caminhão bateu no Sr. - Puta que o pariu!' - Grita o advogado. - 'Cadê meu Rolex????'

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Usar esperma para engravidar sem autorização do homem não caracteriza roubo porque uma vez ejaculado, o esperma se torna propriedade da mulher. O entendimento é de uma corte de apelação em Chicago, nos Estados Unidos, que devolveu uma ação por danos morais à primeira instância para análise do mérito. Nela, o médico Richard Phillips acusa a colega Sharon Irons de ‘traição calculada, pessoal e profunda ao final do relacionamento que mantiveram há seis anos. Sharon teria guardado o sêmen de Richard depois de fazerem sexo oral, e usado o esperma para engravidar. Richard Phillips alega ainda que só descobriu a existência da criança quando Sharon ingressou com ação exigindo pensão alimentícia. Depois que testes de DNA confirmaram a paternidade, o médico processou Sharon por danos morais, roubo e fraude. Os juízes da corte de apelação descartaram as pretensões quanto à fraude e roubo afirmando que a mulher não roubou o esperma. O colegiado levou em consideração o depoimento da médica. Ela afirmou que quando Richard Phillips ejaculou, ele entregou seu esperma, deu de presente. Para o tribunal, houve uma transferência absoluta e irrevogável de título de propriedade já que não houve acordo para que o esperma fosse devolvido. http://carloslider.wordpress.com/2009/10/26/cuidado-amigos-pois-esperma-e-da-mulher/

Continência urinária

O carnaval carioca se reinventa a cada ano. Na Sapucaí, o desfile das escolas de samba do Grupo Especial nunca foi tão monumental e inovador em termos tecnológicos. Pelas ruas, centenas de milhares de foliões recriaram o carnaval de rua, por muito tempo esquecido e abafado pela crescente industrialização das escolas de samba. Vimos um espetáculo curioso em sua frieza no Sambódromo, e a alegria dos blocos pelas ruas sem controle. Dentro dos muros do Sambódromo, ocorreu a evolução incessante, o exibicionismo das máquinas que finalmente ofuscaram as mulheres sensuais que faziam da nudez a maior joia da folia. Fora deles, dominou a barbárie da mistura dos ritmos e dos comportamentos erráticos. O carnavalesco Joãosinho Trinta apareceu de cadeira de rodas no Sambódromo, com uma atitude humilde. Mas sua pose deveria ser triunfal, porque ele profetizou vinte anos atrás que o carnaval na avenida viraria um superespetáculo, uma espécie de ópera, com atores, coros, iluminação e sambas-enredos épicos, dirigida por carnavalescos cada vez mais intelectualizados. E foi o que aconteceu. O carnaval foi evoluindo de tal forma que neste ano se deu a virada: a profissionalização se fez presente e expulsou qualquer intruso “espontâneo”. Não existe mais espontaneidade no caranval. A esperança de liberdade extravasou para os blocos... em jorros de xixi. A gente poderia racionalizar os eventos desta forma: a ordem e o controle da festa organizada versus as manifestações de liberdade dos blocos. E é aqui que entra a urina. As autoridades tentaram “moralizar” os desfiles dos blocos, com o programa Choque de Ordem (mais conhecido como “fora, mijão”), cujo objetivo era prender em flagrantes quem urina pelos cantos da cidade. A Riotur espalhou 4 mil banheiros químicos – o que só fez piorar a situação, porque os foliões emporcalharam as casinhas a ponto de a tornarem inúteis. As autoridades se renderam ao óbvio: o xixi ainda é incontrolável, apesar dos esforços dos inimigos da falta de decoro e do comportamento escandaloso. Enquanto carregavam duzentos mal-educados à delegacia, os policiais assistiram à inovação total dos hábitos do público, pois, pela primeira vez, mulheres foram detidas porque se aliviaram na rua. É o feminismo em ação. Até este carnaval, só os homens podiam dar suas mijadinhas estratégicas. O ato se revstia de nobreza folclórica, uma nobreza que empestava o ar da cidade, e reafirmava o triunfo do macho. Agora as mulheres se acham com os mesmos direitos. Quem poderá detê-las? Minha tese é de que nenhum poder público poderá impedir o xixi. Tentar impor o regime de continência urinária só faz rir. Até porque é um ato de força antiecológico. A vontade de fazer xixi é ancestral, é mais antiga e proverbial que o próprio samba. A evolução urbana – sempre péssima no quesito harmonia – fez com que as ruas fossem cobertas de asfalto e, com isso, a vazão da água foi impedida, e começaram as enchentes. A população cresceu ao mesmo tempo que o asfaltamento dos logradouros públicos, e os hábitos aos poucos se liberalizaram. É preciso lembrar que antigamente mesmo as grandes cidades possuíam áreas verdes que absorviam todo tipo de dejeto. Sempre houve incontinência urinária no carnaval carioca, e o mau-cheiro das ruas vem de longa data. E isso acontece em qualquer evento de massa brasileiro – e provavelmente mundial. É o excremento ancestral a que se referia Nelson Rodrigues. A satisfação de necessidades fisiológicas sambava junto com a alegria de pôr o mundo de cabeça para baixo do carnaval. Os mecanismos de controle já conseguiram domesticar as escolas de samba cariocas e até a colocar cordões de isolamento em alguns blocos. Mas ainda não há poder suficiente para impedir que alguém sinta a urgência na natureza. Esta é a alma da festa. A incontinência urinária é a derradeira manifestação de liberdade do carnaval.
Luís Antônio Giron Editor da seção Mente Aberta de ÉPOCA, escreve sobre os principais fatos do universo da literatura, do cinema e da TV

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Quando atinge grau elevado de complexidade, toda cultura encontra sua expressão artística, literária e espiritual. Mas ao criar uma religião a partir de uma experiência profunda do Mistério do mundo, ela alcança sua maturidade e aponta para valores universais. É o que representa a Umbanda, religião, nascida em Niterói, no Rio de Janeiro, em 1908, bebendo das matrizes da mais genuina brasilidade, feita de europeus, de africanos e de indígenas. Num contexto de desamparo social, com milhares de pessoas desenraizadas, vindas da selva e dos grotões do Brasil profundo, desempregadas, doentes pela insalubridade notória do Rio nos inícios do século XX, irrompeu uma fortíssima experiência espiritual. O interiorano Zélio Moraes atesta a comunicação da Divindade sob a figura do Caboclo das Sete Encruzilhadas da tradição indígena e do Preto Velho da dos escravos. Essa revelação tem como destinatários primordiais os humildes e destituídos de todo apoio material e espiritual. Ela quer reforçar neles a percepção da profunda igualdade entre todos, homens e mulheres, se propõe potenciar a caridade e o amor fraterno, mitigar as injustiças, consolar os aflitos e reintegrar o ser humano na natureza sob a égide do Evangelho e da figura sagrada do Divino Mestre Jesus. O nome Umbanda é carregado de significação. É composto de OM (o som originário do universo nas tradições orientais) e de BANDHA (movimento inecessante da força divina). Sincretiza de forma criativa elementos das várias tradições religiosas de nosso pais criando um sistema coerente. Privilegia as tradições do Candomblé da Bahia por serem as mais populares e próximas aos seres humanos em suas necessidades. Mas não as considera como entidades, apenas como forças ou espíritos puros que através dos Guias espirituais se acercam das pessoas para ajudá-las. Os Orixás, a Mata Virgem, o Rompe Mato, o Sete Flechas, a Cachoeira, a Jurema e os Caboclos representam facetas arquetípicas da Divindade. Elas não multiplicam Deus num falso panteismo mas concretizam, sob os mais diversos nomes, o único e mesmo Deus. Este se sacramentaliza nos elementos da natureza como nas montanhas, nas cachoeiras, nas matas, no mar, no fogo e nas tempestades. Ao confrontar-se com estas realidades, o fiel entra em comunhão com Deus. A Umbanda é uma religião profundamente ecológica. Devolve ao ser humano o sentido da reverência face às energias cósmicas. Renuncia aos sacrifícios de animais para restringir-se somente às flores e à luz, realidades sutis e espirituais. Há um diplomata brasileiro, Flávio Perri, que serviu em embaixadas importantes como Paris, Roma, Genebra e Nova York que se deixou encantar pela religião da Umbanda. Com recursos das ciências comparadas das religiões e dos vários métodos hermenêuticos elaborou perspicazes reflexões que levam exatamente este título O Encanto dos Orixás, desvendando- nos a riqueza espiritual da Umbanda. Permeia seu trabalho com poemas próprios de fina percepção espiritual. Ele se inscreve no gênero dos poetas-pensadores e místicos como Alvaro Campos (Fernando Pessoa), Murilo Mendes, T. S. Elliot e o sufi Rumi. Mesmo sob o encanto, seu estilo é contido, sem qualquer exaltação, pois é esse rigor que a natureza do espiritual exige. Além disso, ajuda a desmontar preconceitos que cercam a Umbanda, por causa de suas origens nos pobres da cultura popular, espontaneamente sincréticos. Que eles tenham produzido significativa espiritualidade e criado uma religião cujos meios de expressão são puros e singelos revela quão profunda e rica é a cultura desses humilhados e ofendidos, nossos irmãos e irmãs. Como se dizia nos primórdios do Cristianismo que, em sua origem também era uma religião de escravos e de marginalizados, “os pobres são nossos mestres, os humildes, nossos doutores”. Talvez algum leitor/a estranhe que um teólogo como eu diga tudo isso que escrevi. Apenas respondo: um teólogo que não consegue ver Deus para além dos limites de sua religião ou igreja não é um bom teólogo. É antes um erudito de doutrinas. Perde a ocasião de se encontrar com Deus que se comunica por outros caminhos e que fala por diferentes mensageiros, seus verdadeiros anjos. Deus desborda de nossas cabeças e dogmas.
Leonardo Boff

Marcha de Quarta-Feira de Cinzas

Acabou nosso carnaval Ninguém ouve cantar canções Ninguém passa mais brincando feliz E nos corações Saudades e cinzas foi o que restou Pelas ruas o que se vê É uma gente que nem se vê Que nem se sorri Se beija e se abraça E sai caminhando Dançando e cantando cantigas de amor E no entanto é preciso cantar Mais que nunca é preciso cantar É preciso cantar e alegrar uma cidade A que a tristeza tem gente Qualquer dia vai se acabar Todos vão sorrir Voltou a esperança É o povo que dança Contente da vida, feliz a cantar Porque são tantas coisas azuis E há tão grandes promessas de luz Tanto amor para amar de que um sabe nem gente Quem me dera viver pra ver E brincar outros carnavais Com a beleza dos velhos carnavais Que marchas tão lindas E o povo cantando seu canto de paz Seu canto de paz
Vinicius de Moraes / Carlos Lyra

CIO

Acordo inquieta na madrugada Não compreendo o que quero Sinto meu corpo incendiar Parecem chamas do inferno Na intensidade do calor Um forte cheiro exala Oriundo de minhas entranhas Percebo-me devassa Sinto-me uma leoa no cio Querendo sua presa alcançar No encanto - magia de bicho Em verde mata a decantar.

Ela Existe

Eu amo. Lutando contra a velhice precoce. Contra as marcas e rugas da alma.
Eu amo.
Meio sem jeito,
Meio distante,
Mesmo isolado.
Sou náufrago em mim.
Eu amo.
A musa ainda sussurra.
É ela
Quem traz para vida as odes
Quem traz para o mundo as cores.
Por ela respiro, e em mim ela existe.

MON ANIMAL

Eu a vejo quase todas as manhãs. Não é exatamente bonita. Aliás ela é de uma feiura estranha como se carregasse uma boniteza espalhada em si, nos gestos e não nos traços exatamente. Não importa.Importa é que a vejo acompanhada perenemente pelo seu cão. Um pastor alemão com cara de bom companheiro. E o é. Eu vejo. Olha-a muito, encaixa seu focinho entre os joelhos dela, brinca com ela, gane querendo dengo. Ela também, essa minha vizinha de uns quarenta e vividos anos, brinca de não-solidão com esse cachorro específico; gosta dele, ri: Não Duque, assim não, deixa o moço, Duque, me espere. Não vá na minha frente assim, cuidado com o carro, menino. Ele a olha como quem agradece. E vão os dois, não em vão, pelas ruas de Copacabana sob o sol, felizes que só vendo. Eu vejo. Ela é camelô; nos encontramos no elevador e eu: - Vocês se divertem tanto, é tão bonito. - É, nos conhecemos na rua. Ele olhou pra mim bem nos meus olhos. Eu estava trabalhando. Vi logo que era um cão bem cuidado fisicamente mas faltava-lhe carinho. Deixei minhas bugigangas (ela vende coisas que querem imitar jóias antigas) por não sei quanto tempo e fiquei agachada na calçada na Avenida Nossa Senhora, só namorando ele. Decidimos que ele viveria comigo. Naturalmente. Tudo aconteceu “naturalmente”, ela frisou, como se quisesse dissipar de mim qualquer sombra de suspeita de um possível roubo. Noutro dia no mesmo elevador, ela com seu carrinho de balangandãs, eu e Duque. O elevador apertado e ela continuou femininamente a conversa do último elevador nosso: Tenho certeza que ele é de câncer. É muito sensível. Só falta falar. Né Duque? ... ele não é lindo? Eu disse: Lindíssimo. E você que signo é? Ah, sou capricórnio mas com ascendente em câncer, combina sim. Eu vejo Duque lambendo as mãos dela, as magras mãos cujos dedos ela oferecia de propósito e distraidamente a imordida dele. Eu olho admirando receosa por conta dos afiados dentes dele. Quase não entendo de cães. - Ah, você tem medo... ô não ofenda ele; Duque entende pensamentos e não gostou do que você pensou. Jamais me morderia, jamais me trairia. Né Duque? Senti o pensamento de Duque latindo que jamais a trairia. Achei bonito. Chegamos. Tchau, bom trabalho. Tchau Duque. Fui para a rua pensando longamente nos dois. Depois pensei nos mistérios da astrologia e perdi o fio do meu pensamento. Ao final da tarde avistei pela janela Duque e Ângela indo ver o crepúsculo na praia. Depois vi os dois voltando sorridentes e caninos, sob a noite estrelada; ela com fitas de vídeo penduradas ao braço; sempre conversando com ele. Tenho inveja de Ângela. This is the true. O animal que eu quero não mora comigo, não almoça mais comigo, não brinca mais, não me telefona, não me advinha os pensamentos, não me acompanha ao crepúsculo, não gane querendo dengo, nossos signos parecem não mais combinar. O animal que quero, pensa demais e por isso não passeia mais comigo. E o pior: Não me lambe mais.
Elisa Lucinda

Carta do Zé Agricultor para Luis da Cidade

Luis, quanto tempo!
Eu sou o Zé, teu colega de ginásio noturno, que chegava atrasado, porque o transporte escolar do sítio sempre atrasava, lembra né? O Zé do sapato sujo? Tinha professor e colega que nunca entenderam que eu tinha de andar a pé mais de meia légua para pegar o caminhão por isso o sapato sujava.
Se não lembrou ainda eu te ajudo. Lembra do Zé Cochilo... hehehe, era eu. Quando eu descia do caminhão de volta pra casa, já era onze e meia da noite, e com a caminhada até em casa, quando eu ia dormi já era mais de meia-noite De madrugada pai precisava de ajuda pra tirar leite das vacas. Por isso eu só vivia com sono. Do Zé Cochilo você lembra né Luis?
Pois é. Estou pensando em mudar para viver ai na cidade que nem vocês Não que seja ruim o sítio, aqui é bom. Muito mato, passarinho, ar puro... Só que acho que estou estragando muito a tua vida e a de teus amigos ai da cidade.
To vendo todo mundo falar que nós da agricultura familiar estamos destruindo o meio ambiente. Veja só.
O sítio de pai, que agora é meu (não te contei, ele morreu e tive que parar de estudar) fica só a uma hora de distância da cidade. Todos os matutos daqui já têm luz em casa, mas eu continuo sem ter porque não se pode fincar os postes por dentro uma tal de APPA que criaram aqui na vizinhança. Minha água é de um poço que meu avô cavou há muitos anos, uma maravilha, mas um homem do governo veio aqui e falou que tenho que fazer uma outorga da água e pagar uma taxa de uso, porque a água vai se acabar. Se ele falou deve ser verdade, né Luis?
Pra ajudar com as vacas de leite (o pai se foi, né ...) contratei Juca, filho de um vizinho muito pobre aqui do lado. Carteira assinada, salário mínimo, tudo direitinho como o contador mandou. Ele morava aqui com nós num quarto dos fundos de casa. Comia com a gente, que nem da família. Mas vieram umas pessoas aqui, do sindicato e da Delegacia do Trabalho, elas falaram que se o Juca fosse tirar leite das vacas às 5 horas tinha que receber hora extra noturna, e que não podia trabalhar nem sábado nem domingo, mas as vacas daqui não sabem os dias da semana ai não param de fazer leite. Ô, bichos aí da cidade sabem se guiar pelo calendário? Essas pessoas ainda foram ver o quarto de Juca, e disseram que o beliche tava 2 cm menor do que devia. Nossa! Eu não sei como encumpridar uma cama, só comprando outra né Luis? O candeeiro eles disseram que não podia acender no quarto, que tem que ser luz elétrica, que eu tenho que ter um gerador pra ter luz boa no quarto do Juca. Disseram ainda que a comida que a gente fazia e comia juntos tinha que fazer parte do salário dele.
Bom Luis, tive que pedir ao Juca pra voltar pra casa, desempregado, mas muito bem protegido pelos sindicatos, pelo fiscais e pelas leis. Mas eu acho que não deu muito certo. Semana passada me disseram que ele foi preso na cidade porque botou um chocolate no bolso no supermercado. Levaram ele pra delegacia, bateram nele e não apareceu nem sindicato nem fiscal do trabalho para acudi-lo.
Depois que o Juca saiu eu e Marina (lembra dela, né? casei) tiramos o leite às 5 e meia, ai eu levo o leite de carroça até a beira da estrada onde o carro da cooperativa pega todo dia, isso se não chover. Se chover, perco o leite e dou aos porcos, ou melhor, eu dava, hoje eu jogo fora.
Os porcos eu não tenho mais, pois veio outro homem e disse que a distância do chiqueiro para o riacho não podia ser só 20 metros. Disse que eu tinha que derrubar tudo e só fazer chiqueiro depois dos 30 metros de distância do rio, e ainda tinha que fazer umas coisas pra proteger o rio, um tal de digestor.
Achei que ele tava certo e disse que ia fazer, mas só que eu sozinho ia demorar uns trinta dia pran fazer, mesmo assim ele ainda me multou, e pra poder pagar eu tive que vender os porcos as madeiras e as telhas do chiqueiro, fiquei só com as vacas. O promotor disse que desta vez, por esse crime, ele não ai mandar me prender, mas me obrigou a dar 6 cestas básicas pro orfanato da cidade.
Ô Luis, ai quando vocês sujam o rio também pagam multa grande né? Agora pela água do meu poço eu até posso pagar, mas tô preocupado com a água do rio. Aqui agora o rio todo deve ser como o rio da capital, todo protegido, com mata ciliar dos dois lados. As vacas agora não podem chegar no rio pra não sujar, nem fazer erosão. Tudo vai ficar limpinho como os rios ai da cidade. A pocilga já acabou as vacas não podem chegar perto.
Só que alguma coisa tá errada, quando vou na capital nem vejo mata ciliar, nem rio limpo. Só vejo água fedida e lixo boiando pra todo lado.
Mas não é o povo da cidade que suja o rio, né Luis? Quem será?
Aqui no mato agora quem sujar tem multa grande, e dá até prisão. Cortar árvore então, Nossa Senhora!. Tinha uma árvore grande ao lado de casa que murchou e tava morrendo, então resolvi derrubá-la para aproveitar a madeira antes dela cair por cima da casa. Fui no escritório daqui pedir autorização, como não tinha ninguém, fui no Ibama da capital, preenchi uns papéis e voltei para esperar o fiscal vim fazer um laudo, para ver se depois podia autorizar. Passaram 8 meses e ninguém apareceu pra fazer o tal laudo ai eu vi que o pau ia cair em cima da casa e derrubei. Pronto! No outro dia chegou o fiscal e me multou.
Já recebi uma intimação do Promotor porque virei criminoso reincidente. Primeiro foi os porcos, e agora foi o pau. Acho que desta vez vou ficar preso.
Tô preocupado Luis, pois no rádio deu que a nova lei vai dá multa de 500 a 20 mil reais por hectare e por dia. Calculei que se eu for multado eu perco o sítio numa semana.
Então é melhor vender, e ir morar onde todo mundo cuida da ecologia.. Vou para a cidade, ai tem luz, carro, comida, rio limpo. Olha, não quero fazer nada errado, só falei dessas coisas porque tenho certeza que a lei é pra todos.
Eu vou morar ai com vocês, Luis. Mas fique tranqüilo, vou usar o dinheiro da venda do sítio primeiro pra comprar essa tal de geladeira. Aqui no sitio eu tenho que pegar tudo na roça. Primeiro a gente planta, cultiva, limpa e só depois colhe pra levar pra casa. Ai é bom que vocês e só abrir a geladeira que tem tudo. Nem dá trabalho, nem planta, nem cuida de galinha, nem porco, nem vaca é só abri a geladeira que a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisá de nós, os criminosos aqui da roça.
Até mais Luis. Ah, desculpe Luis, não pude mandar a carta em papel reciclado pois não existe por aqui, mas aguarde até eu vender o sítio.
*(Todos os fatos e situações de multas e exigências são baseados em dados verdadeiros. A sátira não visa atenuar responsabilidades, mas alertar o quanto o tratamento ambiental é desigual e discricionário entre o meio rural e o meio urbano.) * "Na prática, a teoria é outra."
Desperta-me na noite,em busca dos meus lábios,a tua boca ,
morta de sede, procura um encontro, cedente ao apelo da tua boca,
hidrato-a com um beijo, enquanto os teus encantos, me puxam para o teu peito
Teus dedos oscilam pelos meus vãos como lanças,
decifrando toda minha geografia, nua, na tua pele
Você desliza suado pelos caminhos dos meus desejos
enquanto me entrego, úmida, as tuas danças
E assim, me arrasto esfomeada pelo teu corpo, procurando o teu colo, feito uma criança,
Olho o teu rosto e me vejo em teu doce olhar,
enquanto o meu corpo,no teu corpo,balança
Me aperto mais e mais, nesse abraço de fogo,
Entrego-me a sagrada profanação dos desejos,
O nosso paraíso!
O nosso centro da fogueira..queimando a minh'alma no calor do teu gozo

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

IMPRECISÃO

Bebi na hora da dor, enquanto o relógio ditava o tempo da morte. Tudo era imprecisão porque nada há de certeza em nossas vontades. O incerto, sim é o tempo da dúvida na existência do tempo, nossa mais nobre ilusão.
Vociferar para que! Se o acaso anda na surdina de nossos passos e rir de nossas buscas patéticas pela melhor forma de vida: que se consola com o lodo do caos e as ferrugens das ruínas nas passarelas do shopping Center.
Dário Azevedo.
À noite, prevendo que seria mais uma vez evitado pela esposa, o marido tramou uma saída.
Entrou no banheiro, tomou um banho demorado e, minutos depois, apareceu nu no quarto.
Ao perceber o marido peladão e perfumado, ela já deixou de lado a revista que estava lendo e disse:
- Ai, amor... Estou com uma dor de cabeça!... Terrível!
Neste momento ela reparou melhor o marido e viu que o pênis dele estava totalmente coberto por um pó branco.
Surpresa ela pergunta:
- O que é isso, amor?
E ele responde:
-Aspirina em pó querida, para sua dor de cabeça... Vai querer via oral ou supositório?
Duas pétalas brancas voaram para mim Duas pétalas brancas dançaram ao meu redor Lançaram-se sobre mim Invadiram-me, as pétalas brancas, Com fulgurante leveza. E eu, sorri.

Chupetas Punhetas Guitarras

Choram meus filhos pela casa
fraldas colos fanfarras
Meus filhos choram querendo talvez meu peito
ou talvez o mesmo único leito que reservei pra mim
Assim aprendi a doar
com o pranto deles
Na marra aprendi a dar mundo a quem do mundo é
A quem ao mundo pertence e de quem sou mera babá
Um dia serei irremediavelmente defasada, demodê
Meus filhos berram meu nome função
querendo pão, ternura, verdade e ainda possibilidade de ilusão
Meus filhos cometem travessuras sábias
no tapa bumerangue da malcriação
Eu que por eles explodi buceta afora afeto adentro
ingiro sozinha o ouro excremento desta generosidade
Aprendo que não valho nada em mim
Que criar pessoa é criar futuro
não há portanto recompensa, indenização
mesquinhas voltas, efêmeros trocos.
Choram pela casa e eu ouço sem ouvidos
porque meus sentidos vivem agora sob a égide da alma
Chupetas punhetas guitarras
meus filhos babam conhecimentos da nova era
no chão de minha casa.
Essa deve ser minha felicidade.
Aprendo a dar meu eu, aquilo que não tem cópia
tampouco similar
E o tempo, esse cuidadoso alfaiate, não me conta nada
Assíduo guardador dos nossos melhores segredos
sabe o enredo da estória
Vai soprando tudo aos poucos e muito aos pouquinhos
Faz eu lembrar que meu pai também já foi pequenininho
Que só por ele ter podido ser meu ontem
Só por ele ter fodido com desesperado desejo minha mãe
um dia eu existi. Choram meus filhos pela Nasa onde passeamos planetas e reveses
Eu escuto seus computadores, eu limpo suas fezes
faço compressas pra febre, afirmo que quero morrer antes deles
assino um documento onde aceito de bom grado
lhes ter sido a mala o malote a estrela guia
Um dia eles amarão com a mesma grandeza que eu
uma pessoa que não pode ser eu
Serão seus filhos suas mulheres seus homens
Eu serei aquela que receberá sua escassa visita
Não serei a preferida. Serei a quem se agradece displicente
pelo adianto, pela carona
de poderem ter sido humanidade.
Choram meus filhos pela casa
Eu sou a recessiva bússola
a cegonha a garça
com um único presente na mão:
Saber que o amor só é amor quando é troca
E a troca só tem graça quando é de graça.
Elisa Lucinda

A MESMICE DE UM DEBATE ATRAVESSADO

Mais uma vez a tal “grande mídia” paroara repercutiu o espetáculo da mesmice, com entrevistas e matérias “jornalísticas” totalmente esvaziadas de argumentos convincentes, por ocasião do recente aumento das passagens dos ônibus em Belém, capital do Pará. Mais uma vez o pouco representativo, inócuo e extremamente promíscuo “conselho” da Companhia de Transporte de Belém – CTBEL se transforma em palco privilegiado de assumido desrespeito à Lei Magna da Nação Brasileira, como se natural fosse se justificar aumentos de tarifas públicas com baboseiras simplórias de planilhas técnicas. ‘Esquecem-se’ os arautos do caos que este “conselho” inexiste e, portanto, todas as suas deliberações são – usando uma expressão do Direito – NULAS DE PLENO DIREITO, simplesmente por não obedecerem ao que preceitua o Art. 45 dos Estatutos das Cidades:
“Os organismos gestores das regiões metropolitanas e aglomerações urbanas incluirão obrigatória e significativa participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade, de modo a garantir o controle direto de suas atividades e o pleno exercício da cidadania”.
Em outras palavras, o atual Governo de Belém, além de não se alinhar à contemporaneidade dos formatos de uma governabilidade participativa, que indica um Controle Social mais efetivo no desenvolvimento e na implementação de políticas urbanas, ainda norteia-se por uma concepção política arcaica de um já incompreensível “poder de príncipe” do alcaide e fundamentalmente aliada a comportamentos patrimonialistas, que tem na truculenta onipotência sua principal característica. Tanto assim, que em suas poucas intervenções no sistema de trânsito da cidade pouca preocupação também se vê com a eqüidade no uso do espaço público de circulação, vias e logradouros, priorização do transporte coletivo em relação ao transporte individual, incentivo a multi-modalidade no transporte urbano, rompendo com o “rodoviarismo” exacerbado e incentivando o transporte hidroviário, cicloviário e de pedestres e, principalmente, ampliando o controle social sobre as questões de trânsito, transporte e mobilidade urbana, com um Conselho Municipal de Transito – no âmbito do CONDUMA / Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (previsto no Plano Diretor Urbano de Belém e jamais implantado) – composto 42% pelo poder público e o restante por 10% de representações de trabalhadores, 10% pelo empresariado, 7% por instituições de ensino superior, 4% de organizações não governamentais e 27% de organizações federativas dos movimentos populares legítima e legalmente constituídas.
Com isso, seria possível iniciar-se um debate conseqüente sobre uma Belém sustentável, econômica, social e ambientalmente, onde o transporte público coletivo seja a espinha dorsal da Mobilidade Urbana, com tarifas acessíveis, qualidade, boa freqüência, menos poluente e que alcance todo o espaço urbano, promovendo a inclusão social e o direito à cidade, de modo que os usuários lhe dêem preferência. Suas modalidades devem ser integradas, tanto no seu contexto urbano como na sua região metropolitana. Como defende o MOVIMENTO NACIONAL PELO DIREITO AO TRANSPORTE, medidas podem e devem ser feitas. As cidades que construíram uma boa mobilidade têm políticas de estacionamento que incentivam a integração dos automóveis, fora do centro expandido, aos corredores de ônibus e desmotivam o estacionamento nas áreas centrais. Ações nos diversos modais, com melhoria no seu desempenho, a priorização do transporte coletivo nas vias, também são medidas que podem e devem ser tomadas para mitigar o trânsito e os efeitos no meio ambiente.
Será que chegaremos a esse nível?

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Na fila do ônibus estavam o pai e todos seus 16 filhos. Junto deles, um senhor de meia idade, com uma das pernas de pau.
O ônibus chegou, a criançada entrou primeiro e ocupou todos os bancos vazios. Os dois senhores entraram e ficaram de pé. Na arrancada do ônibus o senhor da perna de pau, com visível dificuldade, desequilibrou-se para trás, e o barulho foi inconfundível: TOC... TOC... TOC...TOC...
Quando o ônibus freou, a mesma coisa aconteceu, agora para a frente: TOC... TOC.... TOC...TOC... Na arrancada, novamente:TOC.... TOC... TOC..TOC...
E assim foi, por várias vezes.
Num determinado momento, já incomodado com o barulho e, ao mesmo tempo,tentando ser gentil, o pai das 16 crianças disse ao perneta:
- Perdão, mas eu gostaria de fazer uma sugestão ao senhor. Por que o senhor não coloca uma borrachinha na ponta do pau? Com certeza vai diminuir o barulho e incomodar menos a todos.
Imediatamente, o perneta respondeu:
- Agradeço a sugestão, mas se o senhor também tivesse colocado uma borrachinha na ponta do seu, há alguns anos atrás, estaríamos todos sentados, numa boa...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

DO MUNDO, DE NOEL E DA VILA

Viví Vila Izabel durante muito tempo desses meus 61 bem vividos. Viví os bolinhos de bacalhau feitos na hora e a brahma estupidamente do Fetício. Viví Kizomba quando a nossa sede era a nossa sêde que o apartheid se destruisse. Viví Noel, Viví Martinho, VIVÍ VILA IZABEL !
Noel de Medeiros Rosa veio ao mundo no dia 11 de dezembro de 1910, no Rio de Janeiro, mais precisamente no bairro de Vila Isabel. Filho de Manuel Garcia de Medeiros Rosa e Martha de Medeiros Rosa, casal da classe média carioca, teve um parto difícil, onde o uso do fórceps pelos médicos provocou-lhe um afundamento da mandíbula e uma pequena paralisia na face, características físicas que o assombrariam vida afora. Cursou o ensino médio no tradicional Colégio São Bento – onde os colegas, maldosamente, o chamavam de Queixinho – e entrou para a Faculdade de Medicina da UFRJ, em 1931, embora não tenha concluído o curso. Casou-se em 1934 com Lindaura, com quem teve um filho que viveu poucos meses. Nos anos seguintes, travou uma batalha contante contra a tuberculose que, por fim, o venceu em 1937, quando tinha apenas 26 anos. Entre uma coisa e outra, e deixando o “de Medeiros” de lado, Noel Rosa também foi um dos maiores e mais importantes compositores da música popular brasileira, sendo autor de clássicos como “Com que roupa?”, “Fita amarela”, “Palpite infeliz”, Três apito” etc. E no ano do centenário de seu nascimento, o escritor Luiz Ricardo Leitão, professor adjunto da UERJ e doutor em Estudos Literários pela Universidade de La Habana, lança “Noel Rosa - Poeta da Vila, cronista do Brasil”, estudo sobre o poeta-cronista que busca inserí-lo “na expressiva galeria dos poetas e prosadores que, por meio de sua obra, têm contribuído de forma decisiva para desvelar o singular processo de formação sócio-espacial do Brasil”, como avisa o texto de apresentação da obra.
Neste Carnaval de 2.010, a Vila canta Noel e isso é o que importa...
Principalmente porque a magia foi reestabelecida e a Vila canta Noel com a poesia de seu sempre menestrel MARTINHO DA VILA, DO BRASIL NEGRO, DO MUNDO !
Se um dia na orgia me chamassem Com saudades perguntassem Por onde anda Noel? Com toda a minha fé responderia Vaga na noite e no dia Vive na terra e no céu Seus sambas muito curti Com a cabeça ao léu Sua presença senti No ar de Vila Isabel Com o sedutor não bebi Nem fui com ele a bordel Mas sei que está presente Com a gente neste laurel Veio ao planeta com os auspícios de um cometa Naquele ano da Revolta da Chibata A sua vida foi de notas musicais Seus lindos sambas animavam carnavais Brincava em blocos com boêmios e mulatas Subia morros sem preconceitos sociais Foi um grande chororô Quando o gênio descansou Todo o samba lamentou Ô ô ô... Que enorme dissabor Foi-se o nosso professor A Lindaura soluçou E a Dama do Cabaré não dançou Fez a passagem pro espaço sideral Mas está vivo neste nosso carnaval Também presentes Cartola Aracy e os Tangarás Lamartine, Ismael, e outros mais E a fantasia que se usa Pra sambar com o menestrel Tem a energia da nossa Vila Isabel Energia da nossa Vila Isabel
VALEU ZUMBÍ, VALEU NOEL, VALEU MARTINHO DA VILA IZABEL !
Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.
(Bertold Brecht)

20 anos da Libertação de Mandela

Em 11 de Fevereiro de 1990, Nelson Mandela era libertado da prisão de Robben Island, onde passou 27 anos preso. O ex-presidente sul africano será homenageado no parlamento sul-africano. Há 20 anos, Nelson Mandela deixava o centro correccional Victor Verster, para onde havia sido transferido dezoito meses antes. Quatro anos depois Mandela viria a ser eleito o primeiro presidente negro da África do Sul, cargo em que permaneceria até o final de seu mandato em 1999. Diversas homenagens foram feitas diante da entrada do centro Victor Verster, transformado nesta quinta-feira em um monumento histórico. Na chegada ao parlamento sul-africano Mandela estava acompanhado de sua esposa Graça Machel e foi protegido do público devido ao seu frágil estado físico. Após uma caminhada que refez o caminho de Mandela quando ele deixou a prisão Victor Verster, políticos e veteranos da luta contra o apartheid se reuniram próximo a uma estátua que o representa dando seus primeiros passos de homem livre, com o punho erguido em sinal de vitória.
VIVA MANDELA !
"UM DIA LI QUE FUMAR ERA MAU E DEIXEI DE FUMAR. LI QUE BEBER ERA MAU E DEIXEI DE BEBER. LI QUE COMER GORDURAS ERA MAU E DEIXEI DE COMER. LI QUE SEXO ERA MAU E... DEIXEI DE LER!"

Ruralistas defendem a escravidão no país

Após 120 anos da lei que aboliu a escravidão, o trabalho escravo continua sendo uma realidade em nosso país.
Nas mãos de pessoas ávidas por lucros fáceis e rápidos, a propriedade privada da terra transforma-se num instrumento poderoso para escravizar seres humanos, cerceando a liberdade e usurpando a dignidade de milhares de brasileiros. Como denunciou, em nota, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), são trabalhadores aprisionados por promessas, tratados pior que animais e impedidos de romper a relação com o empregador.
São práticas de trabalho forçado, onde se mantêm o domínio pela força das armas; da servidão, assegurada por dívidas; de jornadas de trabalhos exaustivas, indo além dos limites do corpo humano; e de trabalhos degradantes, onde estão ausentes as condições básicas de saúde e de segurança.
No governo de Fernando Henrique Cardoso cerca de 6 mil e no governo Lula outros 30 mil trabalhadores foram resgatados nessas condições, semelhantes as do trabalho escravo. Enquanto as fazendas de gados representam o maior número de propriedades com trabalho forçado, os canaviais detêm o maior número de trabalhadores escravizados.
E repete-se a prática nas áreas de atuação das madeireiras e das carvoarias. Enganam-se os que pensam que essas práticas estão restritas aos rincões do Brasil ou limitam-se aos latifundiários remanescentes das oligarquias rurais mais violentas e atrasadas.
A imposição da super-exploração aos trabalhadores se espalha por todo o território nacional e abrange os mais diversos ramos da atividade econômica, inclusive no meio urbano. Os dados do Ministério Público do Trabalho, divulgados dia 25 de janeiro, colocam a região sudeste – a mais desenvolvida economicamente – na liderança das regiões em que consta a prática do trabalho escravo. Dos mais de 3,5 mil trabalhadores resgatados, envolvendo 566 propriedades rurais, em todo país, cerca de 1.300 se encontravam na região sudeste.
Nas palavras do juiz do trabalho, Marcus Barberino, o trabalho escravo é uma atividade sistemática, que perpassa toda cadeia produtiva, está na mesa de todos os brasileiros e, ao contrário do que se pensa, não é exceção: é termômetro do mercado de trabalho que continua a explorar o trabalhador de uma forma excessiva.
Para o diretor da Anti-Slavery International, Aidan MacQuaide, a escravidão contemporânea está presente nos setores mais dinâmicos da economia capitalista, seu combate exige fortalecer os sindicatos dos trabalhadores para que os próprios possam reivindicar seus direitos básicos e ter consciência que o combate a essa prática não se restringe ao cenário nacional e sim extrapola para o âmbito internacional.
A diretora da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Laís Abramo, vai além. Para ela o trabalho escravo tem crescido no contexto da globalização, uma vez que é um fenômeno mundial, presente na cadeia produtiva de grandes e modernas empresas transnacionais. Estima a OIT que, em todo mundo, pelo menos 12 milhões de pessoas estão submetidas ao trabalho escravo, gerando um lucro, em 2009, que passa dos 30 bilhões de dólares. Os horrores dos porões dos navios negreiros deixaram de cruzar os mares. No entanto, o sistema capitalista mostra que é incapaz de deixar de promover atrocidades humanas quando lucros vultuosos estão ao seu alcance. O Brasil, no cenário internacional tem se destacado no combate a essa prática criminosa de tratar os trabalhadores. A atuação das organizações da classe trabalhadora, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), de organizações não-governamentais e de alguns setores progressistas do Poder Judiciário, Legislativo e dos dois últimos governos promoveram significativos avanços no combate ao trabalho forçado. Mas ainda há muito o que se fazer.
Os lucros obtidos, o envolvimento de setores dinâmicos da economia e a atuação de setores reacionários incrustados no Estado, azeitando as engrenagens de proteção e impunidade, mostram o poderio e os interesses que movem essa atividade criminosa.
Certamente não será encontrado um único parlamentar, nem mesmo a senadora Kátia Abreu (DEM/TO), que defenda abertamente o trabalho escravo – o crime é previsto no Código Penal, artigo 149. No entanto, o que justifica que até hoje não foi aprovada no Congresso Nacional a proposta de emenda constitucional 438/2001, a PEC do Trabalho Escravo?
Essa emenda constitucional determina a expropriação, sem nenhuma indenização, das propriedades onde houver a prática de trabalho escravo e as terras serão destinadas à reforma agrária. A proposta já passou pelo Senado Federal em 2003, foi aprovado em primeiro turno na Câmara dos Deputados em 2004. Mas, é preciso ser feita uma nova votação, em segundo turno, na Câmara.
Contudo, desde agosto de 2004 a proposta não é votada por resistência da banca ruralista .A sociedade civil está mobilizada, recolhendo assinaturas para romper com a resistência dos setores reacionários do Congresso Nacional e exigir a aprovação da PEC 438/2001.

Luz do MUNDO

Eu te encontro em meu caminho Numa noite de luar Acendendo o sol da noite Eu querendo te amar. Pela luz da madrugada Sinto falta de você A saudade é dor que marca Eu preciso de você. Ah! Ah! Amor Meu amor tá te querendo A tua vida eu quero ter pra iluminar Luz do mundo eu te quero. Ah! Ah! Amor Meu amor tá te querendo A tua vida eu quero ter pra iluminar Luz do mundo eu te quero mais.
Ronery
DO MATOS DO MUNDO PARA SUA LUZ

Marketing FUNERÁRIA SÃO JOSÉ

"SE SUA SOGRA É UMA JÓIA..... NÓS TEMOS A CAIXINHA!"