Tsai Ba Mao, de Jiegu, na China
"Reze pelos mortos."
A frase, escrita em chinês e tibetano, está estampada num cartaz na entrada do acampamento organizado por monges budistas em Jiegu, uma das cidades chinesas mais afetadas pelo terremoto que matou mais de 2 mil pessoas este mês. Tsai Ba Mao, de 63 anos, quase não sai da sua tenda. "A dor é grande demais", diz Tsai, que perdeu o filho de 34 anos. A ajuda dos monges – que inclui enterros ou cremações de vítimas – supria o socorro insuficiente dado pelo governo. Mas Pequim vem barrando o trabalho dos budistas, supostamente por razões políticas. "O governo pode, sim, nos ajudar a reconstruir nossas casas", afirma Tsai. "Mas eles não conseguem curar a dor nos nossos corações nem rezar por nossos mortos." (Do The New York Times)
Patrícia Martinez, da Islândia
A arquiteta Patrícia Martinez embarcou para férias na Itália em 12 de abril, com volta prevista para o dia 17. Depois de visitar a edição 2010 da Feira de Milão, que antecipa tendências de design, soube, no dia marcado para a volta, que os voos não estavam saindo por causa das cinzas lançadas nos céus europeus pela erupção do vulcão Eyjafjallajoekull, na Islândia."Minha passagem para São Paulo era via Frankfurt, mas não tinha como chegar na Alemanha. As companhias aéreas estavam mandando a gente ir para o aeroporto e esperar. Não entrei nessa. Decidi ficar no apartamento de uns amigos. Era para passar 4 noites na Itália, acabei ficando 11", diz Patrícia, que só consegui voltar ao Brasil no sábado. (Por Karina Ninni)
Ederval dos Santos, do Rio de Janeiro
Quase um mês depois das chuvas que mataram pelo menos 256 pessoas no Rio, muitas famílias ainda não foram incluídas nos programas de habitação dos governos municipais e estadual. A situação é mais crítica em Niterói, onde 168 corpos já foram resgatados em deslizamentos. Sem ter uma perspectiva de quando passará a receber o chamado aluguel social, o gari Ederval Rodrigo dos Santos, de 41 anos, decidiu voltar para casa, localizada a 300 metros da encosta atingida pelo desabamento do Morro do Bumba, que soterrou pelo menos 60 imóveis. O número de vítimas na favela, construída sobre um lixão, passa de 50. "Sei dos riscos, mas o que posso fazer? Não me deram garantias de que vou receber o aluguel. Não tenho como deixar minha casa. Para onde levo meus móveis?", diz o gari, que fez uma ligação clandestina de eletricidade para reocupar o imóvel. A prefeitura não informou quando começará a pagar o auxílio às vítimas. Segundo a Defensoria Pública do Estado, 7 mil pessoas ficaram desabrigadas na cidade. (Por Gabriela Moreira)
José Olate, de Arauco, no Chile
Dois meses depois do terremoto que devastou o Chile, milhares de desabrigados ainda esperam por uma solução definitiva. Em Arauco, região que teve várias cidades varridas pelo tsunami causado pelos tremores, 85% das casas estão inabitáveis. A solução oferecida pelo governo é pouco melhor que os barracos de favelas brasileiras: casas de madeira, sem janela, forro, piso e banheiro, numa área onde as temperaturas caem a menos 10 graus no inverno. José Fernández Olate, de 9 anos, e a mãe viveram semanas sob lonas plásticas num dos morros que circundam Arauco, com medo de novas ondas gigantes. "Tenho medo de ter de viver num barraco, mas também tenho medo de ficar passando frio na montanha." (Por João Paulo Charleaux)
Andrea Christa, de Porto Príncipe, no Haiti
Pela segunda vez em 4 meses, a manicure Andrea Christa, de 28 anos, tenta reorganizar a vida como pode: sem água, luz ou teto para morar com o filho de 1 ano. Bel Air, o bairro onde vivia, foi dos mais atingidos pelo terremoto que matou 230 mil pessoas, em janeiro. Sua pequena casa, que servia também como salão de beleza, foi reduzida a escombros. Sob tendas plásticas, Andrea improvisou um salão no campo de refugiados em que foi transformado o Estádio Sylvio Cator. Por 25 gourdes (R$ 1,10) fazia pé e mão. Mas os 7.300 haitianos abrigados ali tiveram de sair, no dia 12. O governo tem esvaziado campos com risco de inundação no período de chuvas, a partir de maio. O Haiti tem 1,3 milhão de desabrigados. (Por Adriana Carranca)
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