
É preciso estar disposto para enfrentar mais de cinco horas debaixo do sol para acompanhar a procissão do Círio.
Fui firme, fiz daquele momento um ato de respeito e de muita religiosidade.
Foi aí que me deparei com um universo místico revestido de simbolismos, com pagadores de promessas, crianças vestidas de anjos, centenas de devotos e uma multidão quase enfurecida lutando por um espaço mínimo para segurar a corda que levava a berlinda com Nossa Senhora de Nazaré. Muitos acreditam que ao segurar a corda pode se ter os males curados ou conseguir uma graça maior.
Muitos promesseiros que conseguiram a casa própria percorriam a procissão com casinhas em miniatura feitas de talos de miriti, uma palmeira da região. Outros mais fervorosos teimavam em acompanhar os 4,5 quilômetros da procissão de joelhos. Ato humanamente impossível. Valia a tentativa com a ajuda de outros fiéis que colocavam jornais molhados para que os pagadores de promessas pudessem caminhar de joelhos sobre eles.
Um dos momentos mais emocionantes do Círio foi quando a berlinda com a santa passou pela Avenida Nazaré. Neste trecho uma chuva de papel picado e de balões coloridos caiu dos prédios ao longo da avenida e a santa foi ovacionada com palmas e vivas. Não houve como segurar a emoção. As lágrimas caíram copiosamente.
Como acontece todos os anos, depois da procissão do Círio, os moradores de Belém recebem seus convidados com um farto almoço, tendo como pratos principais a maniçoba, o tacacá, o pato no tucupi e, na sobremesa, doces de frutos da região, como o cupuaçu e o bacuri. É uma farra gastronômica nesta data, que é considerada como o Natal do paraense e um momento de forte religiosidade para católicos de todo o Brasil.
ANÁLISE - KIKO BARROS, Repórter
Nenhum comentário:
Postar um comentário