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domingo, 18 de outubro de 2009

Confronto

Bateu Amor à porta da Loucura. "Deixa-me entrar - pediu - sou teu irmão. Só tu me limparás da lama escura a que me conduziu minha paixão." A Loucura desdenha recebê-lo, sabendo quanto Amor vive de engano, mas estarrece de surpresa ao vê-lo, de humano que era, assim tão inumano. "E exclama: "Entre correndo, o pouso é teu. Mais que ninguém mereces habitar minha casa infernal, feita de breu, enquanto me retiro, sem destino, pois não sei de mais triste desatino que este mal sem perdão, o mal de amar."
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

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