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domingo, 27 de setembro de 2009

A descoberta das reservas de petróleo na camada do pré-sal muda radicalmente a posição que o Brasil ocupa no cenário mundial. Mais do que a auto-suficiência, as reservas poderão tornar o país um dos maiores produtores de petróleo. A novidade coloca o povo brasileiro diante de uma encruzilhada: construir um projeto político de soberania nacional e popular ou continuar sendo fornecedor de riquezas naturais ao capital internacional? A descoberta de petróleo na camada pré-sal representa a última fronteira deste recurso no mundo. Maior reserva petrolífera descoberta no planeta desde a década de 80, com extensão de 800 quilômetros, a 300 quilômetros da costa brasileira, o pré-sal é uma faixa que vai de Santa Catarina ao Espírito Santo. Esta descoberta se deu com o desenvolvimento de pesquisa em águas profundas, que atingiu sete mil metros de profundidade nas águas do mar. O estudo foi realizado pela Petrobras, desde a década de 70, com o investimento de milhões de recursos do Estado. De acordo com especialistas, um único furo em alto-mar custa cerca de US$ 200 milhões.No entanto, esta riqueza descoberta – que pode alcançar até 300 bilhões de barris de petróleo – ainda não foi calculada na sua totalidade. Para o ex-diretor da Petrobras, Ildo Sauer, esta situação traz o risco de que o Estado não saiba a quantidade de petróleo extraída de cada área, onde transnacionais já estão em operação. “Qual a grande questão que precisa ser esclarecida urgentemente? É saber se essa formação do pré-sal que vai do estado de Santa Catarina até o Espírito Santo tem uma única e contínua reserva de petróleo ou se são várias grandes reservas de petróleo. Por que é importante saber isso? Porque para operar a retirada desse petróleo, é preciso conhecer sua estrutura geológica. Do contrário, corre-se o risco de danificar a retirada do petróleo.” Na avaliação de Sauer, não se deve definir a nova Lei do Petróleo sem a exata quantificação das reservas do pré-sal. “Entendo que é muito difícil definir um modelo de como se vai explorar esse petróleo, de como vai se dividir o resultado dessa exploração, sem conhecer a característica exata. Se há um ou vários grandes reservatórios de exploração. Se as concessões feitas dos reservatórios existentes – quatro no governo Fernando Henrique Cardoso e cinco no governo Lula de direitos de exploração sobre esta área – prevalecem para explorar o pré-sal. Essas questões devem ser esclarecidas para que se possa desenvolver um programa técnico de retirada deste petróleo no futuro em um ritmo, com um programa compatível com a necessidade de gerar recursos. ”Por este motivo, a sociedade civil e os movimentos sociais organizados na campanha “O petróleo tem que ser nosso”, exigem que o Governo Federal contrate a empresa Petrobras para mensurar os recursos de cada campo de petróleo. As reservas do pré-sal podem estar interligadas, por isso é preciso evitar que, a partir de áreas vendidas, o petróleo seja retirado de áreas que ainda não foram colocadas à venda. Atualmente, cerca de 60% da área do pré-sal pertence à União. O Estado brasileiro deve definir o ritmo da exploração do recurso, de acordo com os interesses do país. Os movimentos sociais questionam a pressa com que as elites querem vender as reservas recém-descobertas. Para o diretor do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro, Emanuel Cancella, não faz sentido explorar as riquezas com velocidade. De imediato, o ritmo das atuais reservas deve se limitar a atender a demanda interna. Os Estados Unidos, por exemplo, mesmo no auge da produção, sempre investiu em suas fontes de reserva e não exportou petróleo. “O Brasil já é auto-suficiente na produção de petróleo. Então, não temos nenhuma necessidade de intensificar essa produção. O petróleo é estratégico. Não existe moeda mais forte do que o petróleo. Países que têm reservas de petróleo – os países desenvolvidos – não são exportadores. Eles guardam o seu petróleo estrategicamente e preferem comprar.” Reportagem: Pedro Carrano Radioagência

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