No dia 25 de junho de 2008, foi apresentado o "Informe Global da Corrupção" oriundo de estudos realizados pela Organização Não Governamental "Transparência Internacional", com sede em Berlim, aduzindo que a corrupção tem tornado a água mais cara em alguns países em desenvolvimento do que em cidades como Nova York, Londres ou Roma e ameaça a sobrevivência de 1,2 bilhão de pessoas que não têm acesso garantido à água e de 2,6 bilhão que não têm serviços de saneamento adequado e prevendo que mais de 3 bilhões de pessoas poderão viver em países que sofrem escassez de água, até 2025.
Este foi o primeiro relatório a explorar o impacto e o alcance da corrupção no fornecimento de água, na obteção de contratos de irrigação e na manipulação da gestão e políticas de distribuição, bem como indicou que esta corrupção, assessorada por subornos e outros delitos, é uma das principais razões para a "crise mundial da água" que vem acelerando o ritmo da degradação ambiental e aumento o custo de tal bem em 30% nos países em desenvolvimento.
O relatório destacou que a corrupção detectada nos quatro cantos do mundo tira investimentos do setor, aumenta preços e reduz os suprimentos de água, repercutindo, entre outras, nas seguintes conclusões: a). As residências pobres em Jacarta, Lima, Nairóbi ou Manila gastam mais com água do que moradores de Nova York, Londres ou Roma; b) Na Índia a corrupção eleva em 25% o custo dos contratos de irrigação e em outros países, a corrupção pode elevar em até 30% o custo de conectar residências à rede de abastecimento de água; c) No México, 20% dos produtores rurais, os mais ricos, recebem mais de 70% dos subsídios para irrigação, comprometendo e agravando a pobreza e insegurança alimentar. d) Na China a corrupção debilitou a aplicação das regulamentações ambientais, o que levou à contaminação dos aqüíferos em 90% das cidades ocasionando que 75% dos rios urbanos não sejam aptos para a captação de água ou para a pesca.
Ocorre que as consequências das atividades humanas são devastadoras e afetam, principalmente, mulheres, crianças e pobres. Observe-se que cerca de 80% dos problemas de saúde são provenientes da qualidade da água ou com instalações sanitárias impróprias, e causam a morte de aproximadamente 1,8 milhão de crianças por ano. Além disso, o analfabetismo é impulsionado quando as meninas que devem andar
Com relação aos países ricos, os casos de corrupção estão, geralmente, ligados à destinação de contratos para construir e operar a infra-estrutura do serviço de água, um mercado de US$ 210 bilhões por ano na América do Norte, Europa ocidental e Japão.
Observe-se que, terras irrigadas ajudam a produzir 40% do suprimento mundial de alimentos e a energia hidrelétrica representa 1/6 da produção elétrica mundial. O sistema de irrigação pode ajudar na luta contra a crise alimentar, haja vista que a falta de água significa falta de alimentos. Desta forma, mister se faz fortalecer a regulamentação do manejo e uso da água, assegurando uma competição justa e sistemas de prestação de contas na concessão de contratos. Além disso, a transparência se impõe como princípio basilar neste setor.
Ressalte-se que na cidade indiana de Bangalore, nos últimos 10 anos, se permitiu à população avaliar os serviços públicos e isto levou a melhoria no abastecimento de água e serviços sanitários, mostrando para o mundo que os cidadãos podem realizar ações em nível local.
O que se vê nitidamente é que as condições de corrupção no setor da água persistem porque seu impacto mais importante recai sobre aqueles com menos possibilidades de reação, ou seja, mulheres, crianças e pobres. No entanto, existem ações que podem fazer com que esta corrupção seja atenuada e quiçá exterminada. São algumas delas: a) Observação de princípios fundamentais, principalmente o da Transparência de todos os aspectos da governabilidade da água, desde a elaboração de orçamentos até a identificação da contaminação, as inspeções públicas de projetos e o acesso às bases de contratação e aos informes de desempenho; b) Dar ensejo a políticas reguladoras que desempenham a gestão da água para que supervisionem com eficácia tanto em meio ambiente como em saneamento, agricultura ou energia; c) Realizar licitações pautadas em medidas anticorrupção, concedendo paridade entre participantes e promovendo acordos para uma adjudicação justa de contratos públicos.
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Tatiana Takeda
advogada, professora, assessora do Tribunal de Contas do Estado de Goiás, articulista semanal do Diário da Manhã, especialista
NO EXATAO MOMENTO EM QUE O PREFEITO DE BELÉM TENTA PRIVATIZAR A COSANPA
É BOM FICAR DE ÔLHO !
TE CUIDA DUDU.
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