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quarta-feira, 29 de julho de 2009

Genealogia do macho alfa

Por que os homens traem? Ficará rico o neurolinguista ou terapeuta, autor de livros de autoajuda, que publicar uma obra que se dispõe a desvendar o enigma. Certamente esgotará as edições expostas em livrarias de aeroporto. É instintivo? Há a máxima sociobiológica que afirma que o macho alfa da espécie nasceu para espalhar os seus genes, popularmente conhecidos como espermas, entre o maior número de úteros, popularmente conhecidos como garotas, e assim garantir a proliferação e a consequente sobrevivência da tribo. Pode haver uma interpretação darwinista nesse comportamento duvidoso. O homem que trai se destaca sobre o que não trai, já que conquista mais herdeiros e território. Portanto, a traição estaria no gene masculino. Apesar de imoral, não é culpa do marido canalha. Seria uma manifestação genética? Aquele que for flagrado, pode vir com essa: “Amor, não é o que você está pensando. É hereditário. Culpe meus antepassados. E meus cromossomos. Não te traí. Foi a sequência de aminoácidos que herdei, que me levou para os braços de outra.” Apenas corre o risco de ouvir: “Amor, e desde quando você começou a se considerar um macho alfa?” Os canalhas podem usar também argumentos freudianos. “Querida, o amor pela minha mãe foi castrado pelo fato de haver o meu pai na jogada, o que me causou transtornos irrecuperáveis. Não te traí. Me vinguei. Eu, não, meu inconsciente.” Argumentos nietzschianos não devem ser descartados: “Honey, Deus está morto, o que nos deixa irresponsavelmente livres para quebrar todos os contratos. Culpe a filosofia e a decadência dos sistemas platônicos, não a mim.” Talvez filósofos menos niilistas possam ajudar: “Se a consciência estiver seduzida pela sensação, chuchuzinho, um objeto pode ter uma qualidade agora e pode ter outra depois. Foi Hegel quem disse. O que você vê na minha camisa são cabelos de uma loira. Mas podem ser de uma morena. Ou seja, seus.”
Marcelo Paiva

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