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sábado, 6 de março de 2010

Relampejou... Das trevas do sonho desperta o poeta maldito e, num tenebroso grito, desperta também a floresta adormecida. São folias de bruxas, de magos e duendes, são formas elementais invisíveis e divinais.
São seres que se confundem com a vegetação vasta e, no meio da mata, abrem-se clareiras em profusão. São sete palmos de terra conquistados e fogueiras que ardem ardentemente, em noite de lua cheia de amor. Das profundezas surge um exército de dragões famintos, do ninho encantado da cobra coral. Lançam chamas enfeitiçadas iluminando a escuridão da noite, acendendo inimagináveis lampiões de néon. Vê-se mulas-sem-cabeça, alakazans, kachingulês . Ouve-se o acorde de um mantra, do cântico encantado de Yara, da força do trovão , do deslizar frenético das quedas d'águas. Musica febril a preencher os poros da floresta , que de tão desperta desperta sacis, matintas e salamandras a bailar saudades.
A moça, adormecida há séculos , ressuscita em vida e brinda a lua , que de tão majestosa divide com a moça o seu despertar. A moça, também majestosa e nua, se masturba em homenagem a lua, grita seu orgasmo em uivos de loba chamando seu algoz. Lobo feroz que se vê trotando no alto da floresta negra , que por amor à moça despeja lavras de espermas a fecundar rios e igarapés em direção ao mar. O mar fecundado retorna a fecundar a moça e cria , desse encanto , o reino dos seres encantados em samambaias , girassóis e vitórias régias. E nesse encantamento todo a moça reina soberana, multiplicando-se em ninfas, salamandras e mães d'água É amante, mulher e até menina-loba no cio. Virgem a desafiar poderes dos deuses da floresta, pura a seduzir eunucos desesperados, homens apaixonados, seres assexuados , prazeres sem qualquer definição. E de tão grande, seu poder de rainha faz despertar também um vulcão adormecido há anos em seu interior. Jorra seu prazer em rios de labaredas dilacerantes , faz de sua espada de fogo um poder ainda maior. Rainha dos ventos , dos raios e das tempestades é a própria Yansã a abrigar em si mesma seus elementos. Faz dos ventos e seus redemoinhos a vereda labirintosa dos mundos, com os raios traça círculos de Ifá pra se adivinhar os rumos, e mergulha os deuses e a floresta na tempestade final dos tempos. Epahei ! Senhora dos Mundos e dos buracos negros Epahei ! Rainha das almas , em teu eterno e sempre despertar de moça.

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