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quinta-feira, 10 de junho de 2010

Vida FÁCIL

Tal dilema está no blog do XICO SÁ, que lembra a grande frase de JACK NICHOLSON, quando seu nome foi encontrado na agenda de uma gigolô de Los Angeles, a cidade do pecado: “Eu não pago para fazer sexo com uma mulher, mas para ela ir embora depois.” “Tudo bem, a liberação sexual alterou um pouco essa história, mas a prostituição, pelo que se vê, resiste firmemente. A hipocrisia em relação ao tema, no entanto, segue a mesma, óbvio, não acha?”, escreveu XICO no seu blog.
Na peça MÚSICA PARA NINAR DINOSSAUROS, do Mário Bortolotto [ESPAÇO PARLAPATÕES], em que 3 amigos, em diferentes fases da vida, buscam o conforto com 6 prostitutas, duas frases ajudam a elucidar o enigma: “Reparam que puta é a única mulher que escuta a gente falar.” “É mais barato que psicólogo.” Parece estranho, nos novos tempos, em que o hedonismo e fetiche ditam a rotina de homens e mulheres, em que elas estão mais livres, atiradas e com o superego em questionamento, alguns rapazes precisem ainda pagar para transar. Depois de anos pesquisando o meio para o meu último romance, A SEGUNDA VEZ QUE TE CONHECI, que aborda o universo de prostituição de luxo, em que entrevistei muitas meninas, frequentei boates e puteiros, conheci as gigolôs mais caras de São Paulo, jantei com garotas que ganham até 70 mil por mês, livres de impostos, tentei uma explicação. Simples. Nos novos tempos, muitos homens não adaptados sentem falta daquela submissa sexual. A maioria dos clientes é de homens casados. Com uma garota, ele comanda as ações. Levante a camisa. Dance. Tire toda a roupa. Nesta posição agora. Faça isso, aquilo. Fale. Agora fique quieta. Vamos para o chuveiro. Me lave. Me bata. Me xingue. Deu uma hora? Tome, seu cachê. Adeus. Tais sujeitos estão livres para realizar taras censuráveis, que ficarão guardadas no íntimo de 4 paredes. Podem mandar, exigir, controlar, como se estivessem com seus animais de estimação. São, por algumas horas, os reis absolutos da relação. Que tem um preço. Pode custar 80 pratas, nas ruas do Baixo Augusta. Ou 3 mil, num hotel de luxo. E por que elas se prostituem? Sem ilusões, por favor. É pela grana, apenas pela grana. Muitas têm filhos. Os tiveram adolescentes e foram abandonadas. Muitas preferem um rendimento dezenas de vezes superior ao de uma atendente de supermercado ou secretária. Todas querem se casar. Têm namorados. São românticas. Às vezes, gozam com o cliente, dependendo da “pegada”. Costumam caprichar, para que o cliente seja fiel, e a clientela, satisfeita. Como qualquer profissional que queira se dar bem na carreira. Malham, porque o corpo é o seu instrumento de trabalho. Não conseguem passar muitos anos nessa vida. Depois de comprarem uma casa para a mãe, um apê, e conseguirem um carro e um diploma universitário, largam a vida. Até se casam. Nenhuma gosta do que faz. É a grana que as movimenta. Cocaína é a droga preferida. A carência é o sentimento que as acompanha. Nada de vida fácil. Encaram velhos, tarados, sujos, violentos, fecham os olhos quando o cliente é insuportável, e pensam apenas no dinheiro que ganharão em minutos.
Marcelo Paiva

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